terça-feira, 28 de novembro de 2017

Psicoterapia eu? Não sou louco!

Imagine uma sala escura que você não conhece e vai entrar pela primeira vez, o papel do psicoterapeuta é acender a luz, com a claridade você poderá ver o que tem na sala e decidir o que quer fazer com isso, onde quer sentar, se quer mudar algo de lugar, se vai trocar a  mobília ou a cor das paredes, etc... Algumas pessoas acreditam erroneamente, que o psicoterapeuta esta lá para dizer o que você deve fazer com sua vida e por isso não o procuram. 

A palavra PSICOTERAPIA vem de therapia- que significa tratar, cuidar e psic.(o) que se refere a mente, portanto, psicoterapia é um processo de busca de conhecimento e desenvolvimento pessoal e principalmente de ajuda. PSICOTERAPIA não é magia, o psicólogo não tem uma varinha de condão que vai alivia-lo de todos os seus males ou resolver todos as suas dificuldades. A psicologia é uma ciência e uma profissão que tem como objeto de estudo o comportamento humano. O que basicamente orienta o psicólogo não é sua forma pessoal de compreender o mundo, o psicólogo não é um professor da vida, é um profissional treinado e habilitado para conduzi-lo nesse difícil processo de AUTOCONHECIMENTO. 
O papel do psicoterapeuta é iluminar o caminho para permitir que você faça escolhas , é difícil escolher no escuro. Não é um doutrinador, alguém que vai impor seus valores morais, crenças e verdades próprias. Também não é um juiz que vai decidir entre certo/errado ou dar seu parecer sobre o que pensa a respeito deste ou daquele comportamento. É alguém que fará uma proposta de relação de respeito , aceitando você como  é  em sua completude, com suas particularidades incondicionalmente. Lembre-se aceitar não significa concordar. 
Apesar da similaridade humana, as pessoas são diferentes,  justamente por isso, cada processo de psicoterapia é único, cada pessoa é especialmente diferente em suas necessidades, em seu ritmo, e  em seus potenciais emocionais, físicos e intelectuais .
Psicoterapia è um processo de “mão dupla” é necessário alguém que queira ajudar (psicoterapeuta) e alguém que queira ser ajudado, mas principalmente, esteja disposto a se ajudar. Ninguém ajuda ninguém que não queira ser ajudado, já dizia  meu avô. 
Quem são os Psicoterapeutas? São os profissionais da área da saúde (Médicos-Psiquiatras e Psicólogos) que se especializam no tratamento clínico. É importante que você escolha alguém com quem você tenha um mínimo de empatia, que seja de sua confiança, ou indicado por alguém em quem confie, além é claro, de ser um profissional preparado  para essa função.
Porque as pessoas fazem psicoterapia? O ser humano é resultado de sua historia, nascemos com potenciais de saúde (características herdadas) e necessitamos de provisão externa para nos desenvolver. Somos influenciados e influenciamos todo o tempo. Nascemos totalmente espontâneos e criativos e somos moldados, para vivermos socialmente, podados de forma mais ou menos severa, dependendo da visão de mundo e principalmente da saúde interna de nossos educadores. 
Recebemos modelos sociais todo o tempo, os mais fortes geralmente são os que surgem de nossas primeiras experiências de vida e de vivenciar a sociedade, que acontece  através de nossos pais, ou daqueles que fazem esse papel. Você já parou para pensar que toda família tem um código particular? Você já presenciou uma troca de olhares entre dois irmãos que só eles entendem, sem precisarem dizer uma só palavra? Ou regras do tipo : quem se serve primeiro no jantar, as crianças ou  os pais?, os da casa ou as visitas? ou aquela regra que ninguém nunca falou mas que todos na casa sabem?, pois é, isto é família, é código, são  alguns dos parâmetros que usamos para nos relacionar com o mundo, consciente e inconscientemente. 
Algumas das dificuldades surgem, quando pensamos que todos são iguais, como se todos fossemos da mesma família, com as  mesmas regras e hierarquias.
Lembro-me que certa vez, uma cliente chegou muito nervosa para consulta, por conta de uma pequena briga com o namorado, que havia desencadeado uma certa “crise” na relação. Ela explicou que havia participado do famoso -e sagrado, para aquela família- ”almoço de domingo” na casa dele. Com a mesa posta, a família levantou-se e começou a se servir naturalmente. Ela dizia, ...”considerei uma tremenda falta de educação, parecia que ninguém estava preocupado comigo!”... nem se preocuparam em deixar que eu me servisse primeiro, afinal de contas eu era a visita!... e veja só... o meu namorado, sem entender minha revolta, dizia ...”o nosso objetivo era te deixar a vontade... é horrível quando alguém te trata como visita!” . 
Este é apenas um dos inúmeros exemplos que encontramos em nosso dia a dia onde esperamos que os outros tenham a mesma atitude que teríamos nesta ou naquela situação, e que tirem as mesmas conclusões, que tiraríamos dos comportamentos. Neste caso, destacando apenas superficialmente a questão, ser especial para ele era fazer parte da família e para ela, ser especial era ser considerada visita. É claro que existiam outras questões em jogo como sua auto-estima baixa, e sua tendência a dar mais valor ao que não teve, neste exemplo ela não havia se dado conta, que tinha sido convidada para o “sagrado almoço familiar”.  
O processo de psicoterapia faz também este trabalho de “pesquisa” e revela esses códigos, nossa forma de nos relacionar, nossas expectativas e desejos, ajudando a traze-los para a consciência, e uma vez conscientes, podemos enfim decidir o que fazer com eles, quais alterar e quais preservar.
Nós somos seres sociais, vivemos em relação todo o tempo necessitamos do outro para crescer e nos desenvolver fisicamente (nos primeiros anos de vida)  e psicologicamente (durante nossa vida toda).
Somos  o resultado de nossas características hereditárias e  nosso potencial de saúde acrescido das influencias que recebemos resultantes das crenças e dos valores morais de nossos pais/educadores.
Nascemos totalmente espontâneos e criativos e temos o potencial para nos relacionarmos afetivamente e intimamente, mas dependemos do aprendizado. As vivências que temos durante nosso desenvolvimento emocional moldarão  nossa forma de perceber e ver o mundo, e nos darão parâmetros para nos relacionarmos com ele. São dessas experiências que nascem nossa autoestima e nosso sentimento de segurança pessoal. O ser humano é dinâmico e sempre tem a possibilidade de crescimento e transformação, portanto as dificuldades emocionais que adquirimos como resultado de nossa historia de vida podem ser superadas. 
Estamos continuamente aprendendo com nossas relações, todo o tempo. A relação de psicoterapia ,torna-se um novo modelo, uma nova proposta, onde passamos a compreender nossa historia, perceber e entender a nossa responsabilidade naquilo que nos acontece e onde contribuímos, mesmo sem perceber, para nossas dificuldades. 


Por: Sirley R. S. Bittú 
Direitos Autorais deste texto – Dra. Sirley Santos Bittu.
O texto está registrado de acordo com a lei de Direitos autorais.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

As relações afetivas e a Intimidade

O que é ser íntimo de alguém? Temos pessoas com quem convivemos todo o tempo, colegas de trabalho ou mesmo familiares, que pouco sabem de nossas angústias, medos,  desejos e alegrias.
Intimidade é diferente de convivência, conviver não é sinônimo de ser íntimo , apesar de muitos acreditarem nisso. Também é diferente de mistura, de simbiose. Não é possível ser íntimo de alguém se não houver individualidade. Primeiro ser, para depois compartilhar. Não se compartilha o que não se tem.

Nascemos do aconchego do útero materno, da sensação de  segurança que ele nos proporciona. Naturalmente desejamos nos relacionar, somos seres sociais, nascemos carentes de afeto,  atenção e aceitação. O ser humano tem uma demanda de amor, busca amar e ser amado todo o tempo. Nascemos e imediatamente precisamos de afeto para nosso processo de crescimento emocional, da mesma forma que precisamos de cuidados para nos desenvolvermos fisicamente. Recebemos da figura materna o amor incondicional, aquele tão buscado em nossa vida: ser amado pelo que somos, o pacote completo.
E o que isso significa? Significa que buscamos em nossas relações, na maioria das vezes de forma inconsciente, essa sensação primária de plenitude e segurança, refletida em maior grau nas relações de intimidade.
Intimidade é a possibilidade de relação mais próxima que implica em confiança. Confiar significa acreditar que seremos aceitos como somos, mas,  não apenas pelo outro; para isso é preciso confiarmos em nós mesmos, em nossa capacidade de sermos genuínos, percebendo o que temos para oferecer numa relação tranqüila e prazerosa com o mundo. Contudo, é necessário o sentimento de esperança e fé no bom que existe no humano. Confiança se adquire  através das relações e pela forma de relação que se estabelece, é um sentimento delicado e dinâmico, ela é como planta: se não regar morre.
Intimidade também implica em entrega. É uma via de mão dupla, ser íntimo é ser cúmplice, é estar ao lado do outro e não misturado ao outro. Trata-se de uma proposta de relação mais profunda, que implica em envolver-se, doar-se e saber receber o outro, aceitar e aceitar-se, é troca plena é Encontro no sentido Moreniano.
Você pode ser íntimo de um amigo com quem conversa sobre varias coisas e não ser íntimo da pessoa com quem você dorme. Os medos, crenças, e as inseguranças são os grandes responsáveis pelas dificuldades de envolvimento. Algumas pessoas confundem intimidade com submissão , alienação e mistura, outras entendem como fraqueza, falta de individualidade ou demonstração de carência.
Nossa sociedade competitiva, capitalista e violenta torna as pessoas cada vez mais acuadas e descrentes no humano e consequentemente em si próprias. O medo e a competição, faz com que as pessoas se relacionem apenas com parte do outro - àquela que deseja superar –, o que impede que  a relação seja verdadeira. Geralmente quando pergunto: porque não assumir que é uma dificuldade sua? ... a resposta é na maioria das vezes: ...”eu??? falar de dores, limites, angústias... para que? Vou estar só me expondo! Ninguém vai resolver minhas questões!” Em parte é verdade, nossas dificuldades, na grande maioria das vezes  só podem ser resolvidas por nós mesmos, mas nem sempre temos os instrumentos ou conhecemos os caminhos para resolve-las, aí que entra o outro, com sua vivência e experiência de vida.
Já pensou se cada um tivesse que reinventar a escrita e a palavra sozinho, para poder se comunicar???... imaginem.. e se não tivesse ninguém disposto a aprender, só a ensinar??? Quanta perda de tempo!!!
Quando nos relacionamos percebemos que não estamos sós, não somos os únicos a ter dificuldades e sofrimentos, temos a capacidade de aprender com nossos erros e acertos e com os erros e acertos dos outros. Por isso que a relação de intimidade  deve ser cultivada, escolhida a dedo. Faz parte de nosso desenvolvimento emocional aprender a escolher entre as pessoas  de nosso convívio, àquelas que merecem nossa confiança, ou seja trata-se de uma  questão de auto proteção, da capacidade de aprender a cuidar de si mesmo.
Ser íntimo significa compartilhar tudo? Dizer tudo, o que pensa e sente? até os pensamentos? Se pensamentos fossem para ser ouvidos eles aconteceriam em alto e bom som!  
Você deve estar pensando, mas então eu não deveria compartilhar minhas idéias, sentimentos e pensamentos? É claro que sim!, mas escolhendo com quem e o que compartilhar, nem sempre o outro “agüenta” ou está preparado para o que estamos pensando ou desejando.
Aqui retornamos na questão da individualidade. Costumo brincar dizendo que, até dentro do útero materno temos a proteção de ”uma bolsa”, sabiamente colocada pela natureza. Na verdade nascemos concretamente de dentro de outra pessoa, mas não ficamos fisicamente em nenhum momento misturados ao outro, apenas emocionalmente. Talvez seja por isso  que é tão comum a confusão entre capacidade de se envolver intimamente e a mistura relacional.
Segundo a visão de desenvolvimento humano proposto por J.L. Moreno, criador do Psicodrama, a Matriz de Identidade emocional normal se estabelece a partir das relações que o indivíduo faz. Através de nossas vivências caminhamos de um momento de total Indiferenciação com o mundo (nascimento) para uma relação télica e plena onde seja possível trocar de lugar com o outro entendendo suas motivações pelos seus olhos (maturidade emocional), sem com isso, desrespeitar nossas crenças, valores, e individualidade. Moreno chamou o ápice dessa fase de Encontro, onde podemos “novamente”- lembrando nosso nascimento- nos misturar com o outro, sem nos perdermos –porque agora existe um eu delimitado- e sair revitalizados, enriquecidos. Seria o ponto máximo de diferenciação de identidade.
Cada pessoa tem suas motivações, resultado de sua história de vida e sua educação,  somada às suas características inatas. A saúde emocional e mental de cada indivíduo é que determina como cada um vai suprir essas necessidades. Esta saúde interna se desenvolve como resultado de  um processo de maturação do indivíduo, obedece uma seqüência de desenvolvimento humano. Segundo a teoria do desenvolvimento Moreniana.
Para nos envolvermos em qualquer tipo de relação, seja uma relação de amizade, profissional, amorosa ou simplesmente social primeiro temos que conhecer nossa individualidade o que significa um mínimo de noção de nossos desejos, características, medos, dificuldades, gostos, enfim, um pouco de nossa singularidade. Falei em mínimo, porque trata-se de uma busca de AUTOCONHECIMENTO que acontece durante nossa vida. Não acredito que alguém possa esgotar esse processo porque, somos seres dinâmicos estamos aprendendo e consequentemente em transformação todo o tempo, a maturidade enriquece e modifica.
Portanto para que você possa construir uma relação de intimidade com alguém deve estar atento a esse processo de busca de si mesmo,  à sua capacidade para amar e  principalmente, para  sentir-se amado.

Por: Sirley R. S. Bittú

Direitos Autorais deste texto – Dra. Sirley Santos Bittu.
O texto está registrado de acordo com a lei de Direitos autorais.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O Poder dos Sonhos

Todos nós sonhamos, uns mais, outros menos. Sonhos bons e sonhos ruins. E muitas vezes procuramos sem sucesso significados para eles.
Segundo a neurologia o sonho faz parte do ciclo normal do sono, tendo relação com período de sono REM – Rapid Eyes Moviment. Mas os sonhos já foram considerados sinais divinos e previsões do futuro pelos antigos egípcios, por exemplo, além de alvo de estudo no comportamento do ser humano desde o século passado.

O poder do sonho
Na psicologia, a teoria mais conhecida a lidar com o sonho é a do Freud (psicanalista). Segundo ele, o sonho seria o cumprimento disfarçado de um desejo reprimido. Muitas vezes não pensamos que outras linhas teóricas trabalhem ou possam trabalhar com sonhos. Porém o sonho é um material importante e pode ser muito trabalhado em terapia, principalmente a comportamental.
Para a psicologia comportamental os sonhos fazem parte de uma classe de comportamentos chamada de ‘encobertos’. Na maioria das vezes os sonhos aparecem de forma metafórica, pois isso favorece a expressão de sentimentos, ideias e fantasias que podem ser difíceis de ser vistos de outra forma.Por causa do sonho se apresentar desta forma que muitas vezes precisamos de ajuda para interpretá-los. É a partir do relato do sonho que o terapeuta aprende mais sobre a subjetividade do seu paciente, buscando interpretar o que o paciente diz e descobrir a ligação entre o sonho e o comportamento apresentado, para então trabalhar em conjunto na melhor solução para o caso.
Autora: Ingrid Machado (Psicóloga CRP 06/98165)
*Os textos do site são informativos e não substituem atendimentos realizados por profissionais.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Distorções Cognitivas

Você já ouviu falar em distorções cognitivas? O termo pode parecer desconhecido, mas certamente você fez e/ou faz muitas distorções. Distorção cognitiva são formas equivocadas, ou como o próprio nome fala, distorcidas de processar uma informação. São interpretações errôneas dos fatos que ocorrem em nosso dia a dia que geram consequências negativas.


Segundo a Terapia Cognitivo – Comportamental, existem vários tipos de distorções cognitivas como:

1. Catastrofização: o indivíduo pensa que o pior de uma situação sempre irá ocorrer. 
Ex: Se terminar o namoro nunca encontrarei ninguém.
2. Leitura Mental: a pessoa prevê o que o outro está pensando, sem evidências, desconsiderando hipóteses possíveis. 
Ex: Ele não gostou da minha roupa; Acho que ela não gosta de mim.
3. Rotulação: rotular qualquer pessoa ou situação, em vez de rotular a situação ou comportamento específico. 
Ex: Sou incompetente; Todas as pessoas são más.
4. Personalização: o sujeito acredita que todos os eventos negativos só ocorrem com ele, desconsiderando fatores e pessoas envolvidas nos acontecimentos. 
Ex: Meu namoro acabou e a culpa foi minha.
5. Minimização e maximização: minimizar características positivas em pessoas ou situações e maximizar o que é negativo. 
Ex: Eu tirei 10 na prova, mas todo mundo tirou.
6. Vitimização: o indivíduo se considera injustiçado ou não entendido. A culpa dos fatos sempre é do outro, tendo o sujeito dificuldade em assumir sua responsabilidade pelo próprios sentimentos e comportamentos. 
Ex: Trabalho muito e não sou recompensado.

Este são alguns tipos de distorções cognitivas, mas existem uma lista delas. Todos nós fazemos distorções cognitivas em nosso cotidiano, contudo é importante observar quando essas distorções levam a prejuízos importantes na vida do indivíduo. Podendo gerar sofrimento e interferir no comportamento adaptativo do sujeito, tendo como consequência transtornos psíquicos.
Quais dessas distorções você faz?


Erika Benedetti -Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga
Referência: Terapia Cognitivo – Comportamental na Prática Clínica (Paulo Knapp e cols)

terça-feira, 14 de novembro de 2017

A busca do Amor Perfeito

Durante a vida escolhemos nossos amantes e amores, pautados muitas vezes em nosso desejo de resgatar em outro alguém o tão sonhado amor incondicional que se traduz na área da ilusão, como a mais pura e verdadeira forma de amar, o único e verdadeiro amor.

A primeira forma de amor que conhecemos é o amor materno, talvez uma das mais belas formas de amar. Trata-se da total disponibilidade, do amor incondicional. A mãe simplesmente ama seu filho, incluindo suas características boas e ruins, costumo dizer, que a mãe ama o “pacote completo”. Seu amor, muitas vezes supera qualquer frustração e alcança a maior capacidade humana de perdoar que alguém pode sentir.

Lembremos que quando falamos da absoluta disponibilidade materna, nos referimos principalmente, aos primeiros meses de vida onde a  ilusão da total onipotência vivida pelo bebê, é essencial para seu desenvolvimento emocional e tão necessária para  viver a brecha entre a fantasia e a realidade. Neste tempo amor é sinônimo de mistura, complementaridade e plena satisfação narcísea dos próprios desejos, para o bebê o outro existe apenas para ele, está a sua disposição,  respira o ar que ele respira, ele e a mãe são um único ser, não há diferenciação ou limites claros.

O próximo passo para o desenvolvimento emocional é a vivência da frustração, a mãe totalmente disponível vai gradativamente e naturalmente “frustrando” o  bebê na medida em que o bebê já tem condições de lidar com essa frustração. Este movimento materno (ou de quem faz esse papel) é extremamente importante para o bebê começar a diferenciar o que é ele e o que não faz parte dele (mãe) iniciando assim sua “noção” primária de existência.


Usando esse momento do desenvolvimento emocional de todos nós como referência , podemos entender algumas formas de relação que continuam seguindo esse padrão, onde uma das partes por exemplo insiste em não acreditar que pode existir sem o outro, são os amores passionais onde mistura emocional e imaturidade afetiva ainda são entendidos ou traduzidos como amor.

Trazemos dentro de nós uma necessidade nata de completude que se torna preenchida num primeiro momento de nossa existência por esse amor materno.

Muitos adultos em busca desse amor perfeito, muitas vezes se perdem quando acreditam que amor é sinônimo de anulação, quando confundem liberdade com desrespeito, intimidade com invasão, quando usam de chantagem emocional para suprir suas carências; e ainda quando deixam de viver seus outros papéis na vida, mulher, homem,  profissional, filho (a), por exemplo, para “ser” exclusivamente em função do outro.

Algumas pessoas entendem o amor como algo quase mágico que mistura uma certa “santidade /pureza” com a total e plena devoção ao outro, eu diria que estão presas ao mito do amor “uterino”. São relações que muitas vezes exigem um raio-X dos pensamentos e sentimentos, desejam, necessitam dos detalhes sobre os pensamentos e sentimentos do outro, um verdadeiro relatório contínuo e absoluto sem pulos, desvios ou mesmo titubeios sobre tudo que passa em sua mente, é tão impossível racionalmente que geralmente só é confessado entre quatro paredes. Esse tipo de relação traz sofrimento e dor para ambos, parte de um entendimento equivocado onde amor é sinônimo de mistura e individualidade é sinônimo de desamor e traição.

O bebê só agüenta a frustração do afastamento momentâneo que seja da mãe, quando tem dentro de si a segurança e a confiança de que ela não o abandonará e de que ele conseguirá sobreviver sem ela naquele momento.

Portanto, como nosso próprio desenvolvimento emocional nos ensina, o “amor perfeito”, ou melhor dizendo o “amor saudável”, recusa à auto-anulação,  propõe a existência, a individualidade, o  respeito ao outro, a solidariedade, o companheirismo, e a confiança mútua.


Por: Sirley R. S. Bittú
Fonte: http://www.clinicaselfcare.com/artigo.php?id=106&a_busca_do_amor_perfeito.html

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Flexibilidade Emocional: Atitudes coerentes para uma vida saudável

Em primeiro lugar, o que significa ser flexível? Acredite ou não, essa pergunta aparentemente simples é realmente muito difícil de responder. Algumas pessoas são flexíveis quando se trata de mudar planos para as questões do dia a dia como ir a uma festa, com que roupa devo ir, mas caso não possa ir com esta determinada roupa, vou com outra roupa, ou seja, escolhas próprias e decisões suas. Outros têm grande flexibilidade física que lhes permite realizar incríveis proezas atléticas. Sabem perfeitamente utilizar o seu corpo para torna-lo mais flexível e assim por diante. Mas no que diz respeito à alternância de formas de lidar com as suas emoções em diferentes situações? Você é rígido ou flexível em termos emocionais? Você consegue regular as suas emoções até ao ponto de tomar decisões que possam ser aceitáveis e vantajosas para a sua vida?


Um tipo particular de flexibilidade que é de grande interesse para o equilíbrio emocional é a flexibilidade emocional. Em poucas palavras, esta flexibilidade tem a sua base na capacidade das pessoas usarem diferentes estratégias de regulação da emoção, à medida que as circunstâncias vão surgindo. A flexibilidade emocional não deve ser vista como uma mudança de opinião, de valor ou de significado das coisas, mas sim como as possibilidades possam dar sentido de vida em sua mente.
É importante ressaltar que há cada vez mais evidências sugerindo que a flexibilidade com que vamos implementando estratégias de regulação emocional pode ser a chave para a nossa saúde mental. As pessoas que frequentemente usam a aceitação e a reavaliação de seus pensamentos tendem em diferentes situações das suas vidas apresentarem menos problemas emocionais e transtornos psicológicos, comparativamente às pessoas que não são flexíveis na forma como gerem as suas emoções. Em suma, a flexibilidade emocional é um promotor de saúde mental. Quando não estiver conseguindo lhe dar com as flexibilidades emocionais procure um psicólogo clinico para juntos criarem estratégias de convivências das flexibilidades em sua vida.
Escrito por: Psicólogo e biólogo: José Amaury de Castro Sousa Junior - CRP:11/10231
Fonte: http://arcadiapsi.blogspot.com.br/2016/10/flexibilidade-emocional-atitudes.html

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Ansiedade na Infância: Como Identificar e o Que Fazer?

Estar ansioso significa sentir-se preocupado, nervoso ou temeroso. Quando você se sente ameaçado ou em perigo real, a ansiedade age como um sistema de alarme para mantê-lo longe do dano. Todos nós experimentamos ansiedade às vezes e ela pode inclusive ser útil em determinados momentos. Por exemplo, ficar ansioso antes de fazer um teste ou entrevista ou de falar em público pode servir como estímulo para nos preparamos melhor para essas ocasiões.
Com as crianças não é diferente: elas têm medo e ansiedade com freqüência. Contudo, a maioria dos medos e ansiedades infantis são normais – muitas vezes decorrentes do processo de aprendizagem em cada fase – e é comum que desapareçam naturalmente. Você se lembra de quando aprendeu a andar de bicicleta ou de quando amarrou o tênis pela primeira vez? Lembra-se das primeiras palavras lidas, das primeiras frases? Certamente esses desafios geraram muita ansiedade; mas, vencido o obstáculo, a inquietude deu lugar ao prazer.
A ansiedade passa a ser um problema quando se torna disfuncional e impede a criança de realizar tarefas simples, como dormir, brincar com outra criança ou ir à escola. Nesses casos, pode-se falar em transtornos de ansiedade, os problemas de saúde mental mais comuns entre crianças e jovens – 20% das crianças apresentam ou apresentarão algum traço ansioso.                                                  .
Afinal, como saber se meu filho é ansioso?
Antes de julgar que a ansiedade está se tornando um problema, é importante ficar atento aos sinais e levar em conta a idade e a fase pela qual a criança está passando. Crianças tímidas, que sentem muito medo, fazem muita birra, regridem a fases anteriores – começam a fazer xixi na roupa, por exemplo – ou roem as unhas possivelmente são crianças ansiosas. Embora seja natural crianças apresentarem essas atitudes em determinadas circunstâncias, se você notar que, em quase todas as situações, seu filho reage de um modo “diferente” do esperado para a idade dele, é provável que tenha um traço de ansiedade.
Mas atenção: não rotule seu filho, aluno ou qualquer criança sob seus cuidados de portador de algum transtorno. O diagnóstico só pode ser emitido depois de verificada a recorrência de episódios de ansiedade dentro de um determinado período. Além disso, caso a recorrência seja observada e identifique-se que a criança possui um traço ansioso, convém procurar um profissional, pois talvez seja necessário intervir com medicação.

Tipos de transtornos de ansiedade

Existem cinco tipos de transtorno de ansiedade. Informar-se sobre cada um deles pode auxiliar os pais a detectá-los.
Transtorno de Ansiedade de Separação: As crianças podem ficar assustadas quando têm de se separar dos pais – geralmente quando começam a freqüentar a escola. É normal que crianças pequenas tenham medo de ficar com um desconhecido, mas elas conseguem adaptar-se facilmente. A criança com ansiedade de separação, contudo, tem dificuldade para se adaptar. Para ela, algo aparentemente simples como passar do quarto dos pais para um quarto separado pode ser um desafio.
Crianças com transtorno de ansiedade de separação podem:
  • Recusar-se a ir à escola
  • Chamar muitas vezes os pais para irem para casa – muitas passam a urinar ou evacuar nas roupas
  • Chorar e se apegar a um professor
  • Fazer birras constantemente
  • Negar-se a ir para a cama à noite
  • Não comer
  • Imaginar que algo ruim poderá acontecer com os pais
  • Queixar-se de sintomas físicos antes, durante e após a separação
Transtorno de Ansiedade Social (ou Fobia Social): Uma criança com transtorno de ansiedade social experimenta muita preocupação e temor ao interagir com outras pessoas e fica ansiosa quando é (ou pensa que é) o centro das atenções. Essa criança tem um forte medo de se sentir constrangida e de que outras pessoas pensem mal dela. Aflige-se com coisas simples, como vestir a “roupa errada” ou falar algo inapropriado.
Crianças com transtorno de ansiedade social podem evitar diversas circunstâncias, dentre elas:
  • Conversar com colegas ou adultos
  • Ir a eventos sociais como festas de aniversário
  • Falar ao telefone
  • Fazer apresentações em público
  • Freqüentar a escola
  • Comer em público
  • Usar banheiros públicos
Fobias específicas: Crianças com fobias específicas têm medo excessivo de certas situações ou objetos. Seu medo é mais forte do que o perigo real representado por eles. Elas se esforçam para evitar o contato com o que temem.
Situações específicas:
  • pontes, transportes (andar de carro, voar em aviões), espaços fechados (elevadores, túneis)
  • Ambientes: lugares escuros, tempestades, alturas, água
  • Animais: cães, aranhas, cobras, insetos (besouros, abelhas)
  • Fobias ligadas à saúde: injeções, agulhas, hospitais, consultórios odontológicos, vômito, asfixia
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Crianças com TAG apresentam preocupações freqüentes e difíceis de controlar com relação a diferentes aspectos da vida. Elas estão a todo o tempo imaginando possíveis perigos (“E se não der certo? E se eu não for capaz? E se acontecer isto? E se acontecer aquilo?”) E precisam de reafirmação constante (“Você tem certeza de que minha lição de casa está certa?”) São comumente descritas como inseguras e perfeccionistas.
Elas tendem a se preocupar com muitas coisas, tais como:
  • Desempenho escolar
  • Fazer as coisas com perfeição
  • Opinião das pessoas a respeito delas
  • Catástrofes mundiais (desastres, doenças, guerras, fenômenos climáticos)
  • Doenças (contrair AIDS, gripe suína; padecer de câncer)
  • Segurança e bem-estar dos entes queridos (família, amigos, animais de estimação)
  • Segurança ou dano (roubo, acidente, morte)
  • Finanças da família
  • Situações do dia-a-dia (o que vestir, para onde ir)
Transtorno do pânico: Crianças com transtorno do pânico têm ataques de pânico inesperados que incluem muitos sintomas físicos, tais como:
  • Tontura
  • Coração disparado
  • Tremores
  • Náusea ou dor de estômago
  • Sudorese
  • Falta de ar
Elas podem estar com medo de que algo ruim ocorra em decorrência do ataque de pânico. Temem, por exemplo, desmaiar, ficar loucas ou até mesmo morrer. Um traço distintivo do transtorno do pânico é o pavor de que ocorram novos ataques de pânico inesperados.
Crianças com transtorno de pânico podem sentir medo extremo em determinados lugares ou em situações que associam aos ataques de pânico, como lugares lotados ou espaços fechados, como elevadores. Esse medo pode levá-los a evitar tais lugares ou situações e é chamado de agorafobia.

O que fazer?

Primeiramente, você, pai ou mãe, precisa observar se o seu comportamento está gerando a ansiedade em seu filho. Manter a calma quando seu filho está aflito por conta de uma situação ou evento é muito importante. Pais ansiosos, filhos ansiosos.
Preste atenção aos sentimentos de seu filho. As crianças – mesmo os bebezinhos – tendem a ficar ansiosas, entediadas. Ajude seu filho a dar nome aos sentimentos: não os menospreze. Por exemplo, muitas crianças têm medo de ir ao dentista. Esse medo gera ansiedade. Ao invés de repreender, diga: “Eu sei que você está com medo, e isso é bom. Eu estou aqui e vou ajudá-lo a passar por isso.”
Uma sugestão: há diversos livros e jogos educativos que auxiliam as crianças a nomear os sentimentos. Compre ou crie algo que possa auxiliar seu filho nisso.
Reconheça e elogie pequenas realizações. Esse gesto vale mais que muitos presentes, acredite. As crianças, ao realizar uma tarefa, fazem-no porque os pais querem e esperam delas algum resultado. Ou seja, elas vivem para fazer os pais felizes. Quando conseguem e são reconhecidas, sentem-se ainda mais amadas e seguras.
Mantenha uma rotina em casa, mas seja flexível. A rotina é fundamental na vida de qualquer pessoa, especialmente na infância. Ter hora para tomar banho, para dormir, para comer e para brincar gera um sentimento de previsibilidade nas crianças. Mas há dias em que as coisas não acontecem da forma como planejamos – a criança adoeceu ou não dormiu bem à noite, apareceu uma visita repentina em casa, etc. Quando isso ocorre, tendemos à frustração e à ansiedade. Ao ficarmos assim, deixamos o “ambiente pesado” e as crianças têm a sensibilidade suficientemente aguçada para percebê-lo. Se você ficar  ansioso ou irritado, seu filho perceberá, além de notar a forma como você lida com os próprios sentimentos – e é bem provável que ele o imite.
Observe o temperamento de seu filho e a forma como ele reage em cada situação. Esse é um fator importante, pois ajudará você a compreender e auxiliar a criança de maneira assertiva. Os temperamentos são quatro: fleumático, sangüíneo, colérico e melancólico – no próximo artigo falarei sobre eles.
Por fim, ajude seu filho a enfrentar as situações que geram ansiedade. Afinal, tais circunstâncias o acompanharão por toda a vida. Muitas vezes, numa tentativa de proteger os pequenos, os pais se esforçam por evitar as situações e lugares que geram ansiedade nos filhos. Na verdade, deveriam ajudá-los a enfrentar os medos e, assim, reduzir a ansiedade.
Para finalizar, deixo aqui a dica de algumas atividades práticas e muito eficazes que poderão ajudar a controlar a ansiedade de seu filho: faça com ele a lição do silêncio e as atividades de vida prática.
Se você tem um filho muito ansioso, conte-nos o que tem feito para ajudá-lo!

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Autor: Araceli Alcântara
Fonte: http://comoeducarseusfilhos.com.br/blog/ansiedade-na-infancia-como-identificar-e-o-que-fazer/